Essa postagem não pode passar de hoje! Há coisas na vida das quais sabemos, mas a ficha parece não ter caído ou simplesmente não cai. As vezes estamos em posições tão estrategicamente privilegiadas e somos tão iludidos para pensar que o resto está bem, que não nos damos conta de como certas coisas à nossa volta estão podres. Estou falando dos privilégios e luxos que algumas pessoas tem condições de desfrutar e não se dão conta de como estas coisas são valiosas, de como há inúmeras pessoas por aí que sequer chegarão perto de viver o que elas vivem em algum momento de suas vidas.
Estou me referindo, meus caros, a todos que ocupam a classe média e suas variantes para mais ou para menos, ou aqueles que pertencem a classes mais altas, também àqueles que pertencem a classes menos favorecidas, mas que usufruem desses luxos por intermédio de medidas compensatórias do governo, como Prouni, FIES e similares. Apenas muito recentemente a noção de que estou em uma posição realmente privilegiada veio à tona com toda sua força, por mais que reclame de alguns problemas que passe, ainda vivo em um luxo que muitos sequer tem chances de viver.
Quantas pessoas estudam em escolas precárias ou escolas nas quais seus professores não realizam um bom trabalho? Quantas pessoas estudam em escolas públicas com investimento quase nulo? Quantos professores são desmotivados pelo fato de serem uma classe cada vez mais desvalorizada, seja pelo governo, seja pelo povo? Quantas escolas não oferecem uma estrutura adequada para que os alunos, do jardim de infância ao terceiro ano do ensino médio?

Não quero, de forma alguma, menosprezar os problemas e deficiências que tais instituições sofrem e os problemas que tais situações causam aos alunos, mas os menores problemas não se sobrepõem ao grande número de ferramentas que algumas delas disponibilizam. Tenho certeza que algumas pessoas vão se doer ao ler o que irei escrever a seguir, mas a verdade é essa: quem vai para um faculdade/universidade particular e fica conversando, seja na sala, no corredor ou em aplicativos de celular (durante a aula), faltam às aulas, reclamam aqui e ali de professores que terminam a aula mais tarde (seja pela manhã, seja à noite), mas que acima de tudo sempre tem algo do que reclamar, esses ditos cujos, que carregam em seus comportamentos pelo menos um dos itens citados, não valorizam o dinheiro que gastam com eles nessas instituições! Ou eles mesmo estão queimando o dinheiro que conseguem.
Quantas pessoas, de jovens a idosos, não gostariam de estar no meu lugar, por exemplo? Inúmeros! Quantos terão a mesma oportunidade? Poucos. Porque essa é a verdade, vivemos em um país cuja população de acadêmicos é mínima e, mesmo assim, de todos estes, apenas alguns dão valor ao lugar que ocuparam e realmente investem nisso após o curso. No ensino médio um certo professor disse em uma aula: em uma faculdade particular vocês vão entrar em uma sala com cinquenta pessoas onde trinta e cinco não querem nada com a vida e quinze querem alguma coisa. Constatei, mais tarde, que a realidade, pelo menos no meu caso, era pior: quis pensar que eram quinze, os interessados, mas eram menos de dez e hoje vejo uma realidade diferente, desta vez são mesmo quinze, ou até mais, pelo que percebo de vez em quando.

Não digo que trace seus objetivos em cima disso, ou que dedique uma vida a isso, ou que simplesmente abandone tudo, como os Franciscanos, e vá viver em prol do outro, mas se o fizer, que seja abençoado em suas obras, mas que tome consciência, você, aluno da rede privada, que o que você tem em mãos é uma ferramenta que não cairá nas mãos de todos que a almejam e sim nas daqueles que tem condições de pagar por ela, seja porque trabalhou por isso, seja porque há alguém pagando para você usufruir dela. Tenham em mente que isso é um luxo e que é melhor ter certeza de que é isso mesmo que quer e, mesmo que não queira dar ouvidos a isso, tenha ciência de que está desperdiçando uma oportunidade de ouro!
Essa mensagem vale muito mais para aqueles que estudam às custas de parentes ou responsáveis e não valorizam o que recebem, do que para aqueles que pagam seus próprios cursos, porque esses sabem onde a moeda pesa ou deixa de pesar na carteira.
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