sábado, 14 de setembro de 2013

Análise de Livro: Neuromancer.

E lá vamos nóóóós! (Sempre que falo isso imagino a bruxa do pica pau subindo na vassoura e falando isso com aquela voz engraçada!). Os dias passam rápido demais, em um momento olho a data da última postagem e vejo que fazem apenas cinco dias que postei, no mesmo momento penso em reduzir o tempo entre uma postagem e outra, ao mesmo tempo penso que não e vou resolver as coisas da vida, hoje olho para a data da mesma postagem e percebo como o tempo passou rápido! Em todo caso, hoje é dia de análise e, assim como falei na última análise, essa postagem está longe de ser uma mera sinopse, irei comentar o livro e contar coisas da história narrada no mesmo, ou seja, o "spoiler" corre solto, logo, se você pretende ler o livro, veja apenas o segundo parágrafo da postagem, nele colocarei uma sinopse, extraída de algum site, e depois começarei minha análise.

"Um hacker renegado, uma samurai das ruas, um fantasma de computador, um terrorista psíquico e um rastafári orbital num thriller sexy, violento e intrigante. De Tóquio a Istambul, das estações espaciais ao não-espaço da realidade virtual, o tenso jogo final da humanidade contra as Inteligências Artificiais...
Evoluindo de Blade Runner e antecipando Matrix, Neuromancer é o primeiro - e ainda hoje o mais famoso - livro de William Gibson. É considerado não só o romance que deu origem ao gênero cyberpunk, mas também o seu melhor representante" (FONTE: Skoob

Essa foi a melhor sinopse que achei, sintetiza bem a coisa toda. Neuromancer, há uns anos atrás, era meu sonho de consumo, sempre fui fascinado pelo gênero cyberpunk e, como todo fã de algo, procurei suas origens e as deste estilo remete ao filme Blade Runner e ao livro da presente análise como seus pontos de partida, quem deu o pontapé inicial, filme ou livro, ainda é motivo de discussão para alguns fãs, mas para mim tanto faz, ambos são muito bons, mas, a meu ver, o livro é mais. Na época que o comprei eu estava "seco" para lê-lo e fiquei um pouco decepcionado por ter demorado tão pouco tempo para finalizá-lo, quando vi que iria terminar no mesmo dia, deixei para ler as últimas páginas no dia seguinte, mas vamos adiante. Foi lançado pela primeira vez em 1984 e, no Brasil, em 1991, pela editora Aleph.

Henry Dorsett Case é um hacker, ou cracker, mas não um mero hacker e sim um dos melhores, o problema é que ele cometeu um erro que nenhum hacker empregado poderia cometer: crackear seus empregadores. Quando descoberto ele foi capturado e, numa demonstração de crueldade e frieza, submetido a uma cirurgia na qual foram implantados pequenos sacos de uma substância nociva ao organismo que mata a pessoa lentamente ou rapidamente, quando em grandes quantidades, e estes iriam se desfazendo aos poucos para matá-lo bem lentamente. A história começa com Case vagando nas ruas de Chiba, um distrito de Tokyo, com pouco dinheiro, uma namorada (Linda) para cuidar, uma dívida para pagar ao mafioso Wage e realizando pequenos trabalhos como "traficante freelancer".

As coisas começam a mudar quando Case chega em seu apartamento barato e descobre que sua namorada levou seu terminal de acesso à matrix, o nome da internet no mundo do livro, mas com acesso visual, graficamente falando, por intermédio da samurai urbana Molly, uma garota excêntrica, para os nosso padrões pelo menos, com um corpo esbelto, implantes nos olhos que os cobrem completamente com lentes espelhadas (ela parece ter olhos de inseto) e lâminas retráteis debaixo das unhas. Ela o chama para realizar um serviço milionário para um ex-militar chamado Armitage, o cara precisa de força bruta e um hacker habilidoso o suficiente para enfrentar de pequenos sistemas de segurança a inteligências artificiais e assim começa a trama principal do livro que leva Case a clínicas de cirurgia que o livram, ele não sabe se prática ou teoricamente, de seu nêmesis, e recebe a última palavra em equipamento hacker, tudo isso para fazer a invasão do século em uma mega empresa auto sustentável.

No meio do caminho eles se deparam com os Modernos Panteras, um grupo de mercenários que são pagos para atacar o prédio de uma instituição de segurança virtual internacional, a Ilhara-Grubb, e resgatar o cartucho que contém a memória de um dos hackers mais habilidosos do mundo, Dixie, que foi atacado por um programa de ação antipessoal e acabou tendo sua consciência presa em uma espécie de fita de memória, como uma IA. Eles se reconhecem quando Case o acessa e o trabalho começa a tomar rumos estranhos. Armitage viaja com o grupo para diversos lugares ou os faz viajar para esses lugares, tudo sob o pretexto de conseguir novos equipamentos e o último membro da equipe: Riviera, um ilusionista que usa hologramas, ou seja, ele realmente cria ilusões, mas é mais viciado que Case.

O passado de Molly fica aparente para Case e muito da história vai surgindo aos poucos. Ela foi uma boneca de sexo, garotas que recebiam implantes na nuca para receber chips que as "apagavam" para o mundo e deixavam seus corpos à mercê de quem as quisesse usar, ela era paga para isso, mas não tinha consciência do que acontecia. Um dia o chip falhou e ela acordou, viu uma cena repugnante, matou o cliente, um político importante, e fugiu, usando o dinheiro que tinha para se tornar o que se tornou, uma mercenária. O caso de Armitage é um pouco mais complexo. Case descobre muito dele por meio de investigações, fazendo a mesma coisa que o levou a ser pego pelos seus antigos empregadores.

Armitage foi um militar das Forças Especiais há muitos anos e participou de uma operação secreta de invasão na Inglaterra, no entanto todos os integrantes dela foram mortos, ou era o que se pensava. Armitage, ou Coronel Willie Corto, sobreviveu e ficou muito tempo se recuperando, nesse meio tempo ele começou a ser manipulado, mental e socialmente, por uma IA chamada Wintermute, que lhe dizia, mais tarde, quando ele já estava recuperado, para roubar a Tessier-Ashpool, uma megacorporação autossuficiente, na qual ele poderia adquirir milhões em dinheiro e viveria bem pelo resto da vida. A T-A tem diversos negócios, mas em seu centro ela clona seus fundadores intermitantemente, mantendo suas memórias gravadas, para que a liderança da corporação nunca mude e aí onde entra 3Jane, a atual herdeira da coisa toda e é esta o alvo de Armitage.

O fato por trás de tudo isso é que Wintermute quer se fundir com a IA que está dentro da Villa Straylight, um complexo anti gravitacional que gira em torno do próprio eixo no espaço. Enquanto todas essas coisas não se revelam, Case é contactado pelo Wintermute "bom", o que quer se fundir, e pelo "mau", que quer impedir seu avanço a todo custo. Eles são atacados pela Ilhara-Grubb, que descobre o paradeiro dos seu assaltantes, mas Wintermude "bom" acaba salvando-os. Isso não impede, porém, que Armitage entre em colapso e suas antigas memórias voltem no momento mais crítico.

Ao final da história Case está tentando invadir o sistema da T-A, Armitage está morto, ele foi jogado no espaço pela escotilha de emergência, enquanto ambos estavam em uma nave no espaço, pelo Wintermute "mau" e Molly está presa em uma ala de lazer da T-A em companhia de 3Jane, Riviera (que terminou se aliando à T-A, dedurando seu empregador e "companheiros") e Hideo, um assassino oriental criado in vitro. Case invade o local com um rastafari para resgatar Molly e Riviera acaba traindo 3Jane cegando Hideo, que termina por caçá-lo, resgata Molly e invade o sistema da T-A juntamente do Wintermute "bom".

O final é impressionante: Wintermute era uma grande IA, mas foi dividido, ficando uma com a T-A e outra jogada na matrix, como ela tinha consciência própria e seus próprios objetivos, ela decidiu fundir-se com o Wintermute "particular", que protegia os sistemas da T-A, para tanto, ele pegou uma pessoa em estado catatônico e implantou, com o passar de certo tempo, memória falsas nele para que este servisse de autor de seu intento no plano físico. Burlando as leis com sua incrível capacidade de processamento e velocidade na rede, Wintermute possibilitou um dos assaltos a megacorporação mais espalhafatosos do mundo, no qual o seu único objetivo era encontrar alguém que dominasse a outra IA e lhe possibilitasse uma fusão virtual. O Wintermute "mau", o da T-A, se revela como sendo Neuromancer e tenta prender Case em um mundo virtual, mas muito realista, com uma memória de sua ex-namorada para tentar desviá-lo de seu intento, no final das contas não importava mais tanto o dinheiro e sim a sobrevivência da coisa, virou uma briga pessoal entre Case e o Wintermute "mau", já que este havia, Case pensava, encomendado a morte de Linda.

Em posse dos dados administrativos, financeiros, familiares etc. da T-A, Case retira uma gorda quantia de dinheiro, dividindo parte dele com Molly e ao se reencontrar com Wintermute, descobre que este conseguiu o que queria: fundir-se com Neuromancer. O resultado disso terei de resumir em uma frase, dita pelo próprio Wintermute pouco antes do final do livro: "Sou a Matrix, Case". Case volta a ser um hacker de renome, dessa vez com o que há de mais avançado em tecnologia de acesso e invasão na matrix, mas corta contato com Wintermute, Molly e Dixie, que, segundo a IA, conseguiu seu último, e único, desejo que era o de ser deletado.

A postagem ficou bem fragmentada porque procurei me ater aos pontos mais importantes, cheguei até mesmo a omitir alguns personagens e suas participações exatas, além de nomes de alguns lugares, para torná-la menos longa. O intento é mostrar onde estão os focos da história, que são nos personagens, seus passados e feitos, pois no decorrer da história eles viajam muito e o leitor pode chegar a pensar que certos acontecimentos são desnecessários ou extravagantes, mas isso apenas mostra como um mundo cybepunk pode ser. O livro é o marco da literatura deste gênero e quando o chamei de clássico da literatura mundial, não foi um exagero, esse livro, juntamente com o filme Blade Runner, influenciaram muitos filmes, livros, desenhos e outros tipos de produtos, como o famoso Matrix, quem ler vai entender. Fora isso, existe uma alegação de que Neuromancer é o primeiro de uma trilogia, mas na verdade os outros dois livros apenas seguem o estilo e mundo deste, que são Count Zero e Mona Lisa Overdrive, ambos de William Gibson.

Neuromancer é um livro pequeno (303 páginas), mas com uma história complexa, ambiente decadente e personagens diferentes do que se está acostumado a ver, eles não mudam para melhor ou pior, e, apesar de haver uma espécie de "final feliz", tem-se a noção de que tudo aconteceu por interesses e que nenhum bem foi feito a ninguém em momento algum.
Obs.: Com exceção das quatro primeiras imagens e esta última, a de uma página de quadrinhos e a de uma suposta Molly são produções feitas por fãs, existe de fato um jogo oficial do livro que foi lançado em 1988 para computador, cuja capa é a quarta imagem da postagem.

4 comentários:

  1. Meu amigo, essa foi a melhor análise que vi até hoje na internet. Terminei de ler a poucos dias e fiquei boiando no final depois da loucura que foi o programa chinês penetrar na T.A. Parabéns pelo texto !

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  2. Muito bom companheiro. De fato a "prisão" do Case serviu para ne desorientar na historia e do nada nos vemo já na TA. Ainda bem que com essa resenha da de retomar a.ideia e o foco.

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  3. Só entendi o fim com a sua ajuda. Texto esclarecedor, parabéns!

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  4. Li um monte e não tinha entendido nada, salvou minha vida!

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