domingo, 15 de outubro de 2017

Cafés

Sabe aquele lugar onde você vai que lhe causa uma sensação ímpar? Aquele que lhe parece, às vezes, um oásis no enorme deserto que pode ser sua cidade e que, por isso ou outros motivos, que sejam a existência de outros da mesma natureza, esse oásis possa se repetir em outros lugares. Um lugar onde você vai quando quer começar algo novo, ou dar continuidade a algo antigo, ou corrente, mas não tão antigo, mas com ares novos que apenas aquele tipo de lugar lhe causa. Então, essa é minha sensação com Cafés. Clique em "CONTINUAR LENDO" se assim desejar com esta divagação.

Primeiramente devo admitir que não sou fã do café enquanto bebida. Na realidade custo a gostar de um. Geralmente prefiro um que eu mesmo faço, após ter aprendido uma série de pormenores que, sozinhos, não significam nada, mas juntos resultam num café sutil de se apreciar à sua maneira. A minha é com leite em pó. O café sozinho, ou mesmo só com açúcar, não me agrada. Precisa de algo mais. Nessa linha de raciocínio, adoro capuccinos.

Feitas as primeiras considerações, voltemos ao texto de abertura dessa divagação. Esses lugares, assim como a bebida, que, a despeito da ausência de amores por ela, me causam um certo deslumbramento. Uma admiração que chamo de "poética" por falta de um termo melhor. Talvez o termo seja "simbólico", devido a natureza do sentimento.

É estranho admirar algo pelo qual não se nutre uma admiração, aparentemente, fundamental. Ora veja, você pode, com toda razão, me questionar como posso admirar tal bebida se por esta não morro de amores. Bom, é assim que as coisas são no meu coração, ambiente com o qual a razão pode dialogar, mas o qual não pode dominar. Não é o mesmo que sinto por vinhos, por exemplo. Os quais, via de regra, admiro pelo sabor e aparência, mas aos quais não dedico o mesmo valor simbólico.

Cafe, como é chamado no singular, ou Cafes, como são chamados no plural, em países a fora, são os nomes desses lugares que já foram usados como trampolins de inspiração por inúmeras figuras famosas em suas áreas, como, por exemplo, Jean-Paul Sartre, um dos pais do Existencialismo, que tinha como "point" o Cafe de Flore.

Para diferentes pessoas, que tenham lugares como bases físicas para coisas que suas psiques querem falar ou fazer. Bares, restaurantes, a casa de um amigo, um local específico, uma rua específica, e por aí vai. O lance é ser um lugar que causa esse estase que faz a pessoa se sentir em um lugar diferente não apenas com seus sentidos e percepção, meramente, mas que a transporta para outro lugar em sua consciência.

Nesses lugares a inspiração parece aflorar e os momentos/encontros são/parecem mais especiais. Isso, claro, para a pessoa que sente/pensa assim. 

Eu adoro Cafés. Não nego que carrego comigo uma certa idealização de espaço, mas apenas de forma superficial. Não exijo que todos aos quais vou tenham essa aparência, mas os mais simples não me causam a mesma impressão. As vezes é por questão de detalhes, as vezes é a estrutura que não ajuda, como um que fica em plena galeria de lojas de um centro comercial. É diferente de um que fica colado a um lava jato, mas que é fechado, tem janelas discretas para a rua, uma TV etc., coisas do tipo.

Infelizmente vivemos em tempos sombrios, economicamente falando. As coisas estão difíceis e idas a cafés se tornaram luxos aos quais só posso me permitir uma ou duas vezes no mês. Os preços nesses lugares também não ajudam, mas eu entendo a deles. Empresário sofre nesse país...

Seja como for, aqui encerro essa divagação. Vai um café?

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