Não é novidade para a maioria das pessoas que vivemos em um mundo em que o conceito capitalista atinge pontos que não deveria e que até a vida das pessoas tem um valor, seja na hora de contratar um assassino de aluguel, seja na hora de pagar por um plano de saúde ou uma cirurgia para salvar a vida da mesma. Dando apoio ao segundo ponto, as instituições pressionam os médicos de tal maneira que eles tem pouco retorno financeiro e muito trabalho, o que acaba jogando-os em uma posição desagradável: "sem pagamento, não cuidamos de ninguém", e nessa decisão vidas se perdem e quadros clínicos se agravam.
Infelizmente o problema não está apenas nos profissionais que lutam por algo, mas também naqueles que ainda estão estudando para aquilo: temos pessoas entrando em cursos como medicina, fisioterapia, enfermagem e até mesmo psicologia apenas com o intuito de ganhar dinheiro, se esquecendo da função dessas profissões dentro da sociedade, que é a de ajudar as pessoas. Como bem disse uma das minhas professoras: "para estudar psicologia, você precisa gostar de pessoas", mas infelizmente a realidade não caminha nesse sentido.

No meu entender, se estou estudando na área médica, é porque me preocupo com o próximo, por mais que ele esteja se lixando para mim (apesar de que na hora da necessidade todos baixam a cabeça, os humildes ou com um pouco de humildade, pelo menos), é meu trabalho cuidar da saúde física ou mental dele, sendo a prioridade a cura da pessoa e não quanto o cliente vai depositar na minha conta!
Perceberam bem a diferença entre esses dois últimos elementos que citei? A pessoa, ou sujeito, é um ser humano único, um cidadão que abre a porta da sala onde trabalho, ou consultório, ou que me aborda, com uma necessidade que precisa de apoio naquilo em que me formei e me especializei, alguém que posso apoiar estando dentro ou fora daquele lugar; o cliente é um indivíduo que tem um problema e dinheiro, se ele precisa de ajuda, terá o valor que cobro para que possa ser ajudado, se não, nada feito!
As vezes não se trata de dinheiro e sim da falta de tato mesmo, por parte dos médicos. É muito comum entrar na sala de um médico e ele mal olhar pra sua cara e dizer "é só uma virose" e passar um remédio genérico. Quer dizer, virou uma espécie de fábrica, onde o que importa é maior produção em menos tempo, não há aquele "toque" entre paciente e médico, o calor do acolhimento.
Francamente, prefiro se um profissional que conversa e não simplesmente medica, que acolhe e não simplesmente atende e que se dispõe a ajudar, independentemente de estar sendo pago, em momentos de necessidade, do que deixar vidas se perderem por negligência. Muitos dizem que com o passar do tempo os profissionais da área médica perdem esse "tato" e tratam pessoas como "número", com frases do tipo: "é apenas mais um moribundo" e similares, mas isso acontece porque eles não exercitam suas humanidades internas para com as pessoas.
O valor de uma vida não pode ser medido com números e cifrões.
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