Eu deveria começar a andar pra cima e pra baixo com um bloco de notas anotando as coisas que me vem à mente pra escrever aqui, boas idéias estão deixando de ser escritas aqui, mas vamos seguir adiante.
Recentemente estive lendo alguns trechos do início do livro "O Vencedor Está Só", de Paulo Coelho, um romance no qual um bem sucedido e bilionário empresário russo vai ao festival de Cannes, um festival de cinema, na França em busca de sua ex-mulher. O livro por si só é uma crítica ferrenha à moda e a todas as coisas que movem o nosso pequeno mundinho e as vidas que nele vivem de aparências. Portanto, gostaria de citar um trecho do livro, no qual o protagonista, Igor, divaga sobre a moda, após pensar na mesma como algo fútil e criticar em seu íntimo aqueles que a seguem como algo grande, pisando na cabeça dos outros e agindo como estrelas de uma vida que não passa de ficção quando analisada friamente:
"Ridículos. Igor não consegue esconder seu ódio por aqueles cujas decisões afetam a vida de milhões de homens e mulheres trabalhadores, honestos, que levam seu cotidiano com dignidade porque têm saúde, um lugar para morar, e o amor de sua família.
Perversos. Quando tudo parece estar em ordem, quando as famílias se reúnem em torno da mesa para jantar, o fantasma da Superclasse aparece, vendendo sonhos impossíveis: luxo, beleza, poder. E a família se desgrega.
O pai passa horas em claro em trabalho extra para poder comprar o novo modelo de tênis para o filho, ou ele será olhado na escola como um marginal. A esposa chora em silêncio porque suas amigas vestem roupa de marca, e ela não tem dinheiro. Os adolescentes, em vez de conhecerem os verdadeiros valores da fé e da esperança, sonham e virar artistas. As moças do interior perdem a identidade própria, começam a considerar a possibilidade de ir para a cidade grande e aceitar qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, desde que possam ter determinada jóia. Um mundo que devia caminhar em direção à justiça passa a girar em torno da matéria, que em seis meses já não serve para nada, precisa ser renovada, e só assim o circo pode continuar mantendo no topo do mundo aquelas criaturas desprezíveis que agora se encontram em Cannes."
Costumo dizer que a "moda é uma merda" principalmente para aqueles que vivem dela. "Vivem nela" na realidade, por dela eles retiram um falso fruto que alimenta apenas seus egos de aço que precisam ser renovados a cada seis meses porque a moda muda a cada seis meses e aqueles que nela não se encontram, não merecem ser considerados. O grande problema é que, normalmente, só se pode seguir uma determinada moda, ou as modas que mudam sempre, quem tem dinheiro e no nosso país, poucos tem isso, e aqueles que nela querem entrar, precisam cometer sacrifícios, ou melhor, precisam que outros cometam sacrifícios por eles, geralmente seus pais, seus responsáveis, para que eles possam esbanjar na frente dos outros algo que eles não tem.
Estou me referindo aos jovens porque a maioria dos que tentam entrar nesse mundinho, claro que há muitos adultos, muitos inclusive já tem idade pra fazer algo de útil da vida, mas estão indo em baladas e esbanjando. Mas há os que trabalham e querem viver nesse mundo, tentam entrar no mundo em que não podem. Há uns meses atrás vi PC Siqueira, do vlog Maz Poxa Vida, um conceito interessante para a palavra status, e com isto encerro essa postagem:
Status é você querer comprar o que você não quer
Com do dinheiro que você não tem
Para mostrar àqueles que você não gosta
Aquilo que você não é.