"A religião é o ópio do povo" já dizia Karl Marx e concordo com ele. É muito mais fácil atribuir a culpa ou as coisas boas da nossa vida a um princípio maléfico ou benéfico superior que não pode ser visto do que a nós mesmos ou às coisas e pessoas que nos cercam.
-Ficar puto é coisa do diabo nos tirando do controle;
-Tirar uma nota boa é coisa de Deus, eu estudei, mas foi Ele quem me deu a nota;
-Meu barraco foi ladeira abaixo com a última enchente porque Deus quis assim;
-O diabo governa todos os criminosos, meliantes e similares;
Entre outras inúmeras coisas, Deus e o diabo ganham a fama, o crédito, o descrédito e tudo mais. É incrível! Como é difícil olhar para o próprio problema ou pra o que nos cerca e pensar lógicamente pra achar uma resposta antes de recorrer a bode expiatórios sobrenaturais. Não tenho nada contra a pessoa usar essas premissas como fonte de esperança, mas usar isso como base pra tudo na vida é como um viciado que, como dizem, só falta vender a mãe pra comprar mais umas doses que não vão durar nada.
No entanto é pra isso que serve a religião, pelo menos é o que parece ser, pra pensar por nós, aliás pra nos dar o bolo pronto, a resposta para todos os problemas e uma solução fácil ("padre, pequei, comi a mulher do meu melhor amigo, roubei um DVD do meu vizinho e peguei o sofá de minha mãe com alzheimer", "tudo bem meu filho, reze 10 ave marias e 5 pai nossos todos os dias por cinco dias que Nossa Senhora intercede em seu favor e Jesus lhe perdoa"). Pode parecer exagero, mas a realidade é bem pior, acreditem.
Como se não bastassem, tem aqueles que se acham os verdadeiros "portadores da luz e da verdade" os picas da santidade, escolhidos do Criador em pessoa (claro, em pessoa, é um piada interessante). Partindo da minha crença, acho tantas coisas desse povo de hoje atos heréticos, que se existir mesmo um fogo do inferno pra queimar os pecadores, esses infelizes vão tostar até virar pó! A idolatria rola solta desde que a Igreja Medieval começou a mandar, usura e coisas como as que vemos nas igrejas protestantes (evangelicas ou crentes, como quiseres, são todos protestantes), que basicamente se trata de vender um pão que não é comido por ninguém, afinal todos estão julgando todos que veem em todos os lugares que vão, fora os que "passam a mão na filha", pegam piriguetes por aí, traem as esposas (e vice-versa) e erguem a bandeira do amor ao próximo porque está escrito em um livro, que apesar do mesmo ter uma sabedoria estrondosamente elevada, pode ser considerado de "procedência duvidosa" se você for somar as diferentes línguas pelas quais ele passou até chegar em nossas mãos brasileiras escrita em nosso saudoso idioma.
Alheio a esse bode expiatório, há a estupidez comum: eu não tenho culpa se eu não consigo aprender a somar; ou, não fui pegar a pedra ali porque minha preguiça foi maior, se não fosse por isso, eu iria; ou ainda, estou muito velho pra aprender a mecher com isso. É, definitivamente, muito fácil culpar coisas que parecem não ter nada a ver conosco, mas que na realidade tem tudo, os culpados somos nós; a idade avançada diminui a capacidade de aprendizado, mas não anula, a preguiça é sua e a culpa por não ter feito o que lhe foi pedido também, se não consegue aprender algo, é porque não tentou de tudo, ou simplesmente diz a si mesmo(a) que não é capaz. Enquanto uma penca de pessoas por aí encararem estes e outros fatores como causa de suas incapacidades de fazerem algo, elas nunca progredirão, pode ter certeza, falta força de vontade.